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A mudança que desejávamos

       A hora já tarda e eu preciso dormir. Não, eu preciso mostrar para o mundo que eu protestei, que eu quero justiça, que eu sou contra altos impostos, contra a cura gay, contra a PEC 37... e tantas outras coisas que agora eu sou contra. Não, pensando bem, é melhor tirar uma foto no meio do protesto para mostrar para as outras pessoas que eu sou cidadã consciente...
 
     Anseio por muito mais, essas coisas que listei anteriormente, jamais fazem parte do que senti hoje, e estou sentindo desde alguns dias atrás.
   Essas frequentes manifestações que tem acontecido ultimamente não são coisas novas em minha vida. Desde pequena me questiono silenciosamente, sobre o passado de tantas lutas em nosso país, e do presente que vivíamos como se nada afetasse-nos. No colégio, quando não tinha professor, juntava os colegas e íamos para a diretora saber o que estava acontecendo. Quando eu sabia que alguma coisa por direito tinha que ser minha tratava de ir atrás. E dessa maneira fui compreendendo aos poucos o sentido das palavras democracia, política, cidadania. E, claro até hoje elas divergem muito em meus pensamentos. Nada do que está acontecendo me surpreende. Pelo contrário, eu diria até em tom meio bobo, que é a realização de um sonho. É um sonho, do povo acordar, sair às ruas, e ver que política não é sinônimo de partido político. Os governantes não prestam favores a nós, pelo contrário eles trabalham ao nosso dispor.

    Questões políticas sempre me intrigaram, sempre busquei saber mais sobre esses assuntos, embora eu me mantenha calada perante a sociedade. É eu diria calada, não saio por aí expressando meu ponto de vista, nem meus ideais. Prefiro escutar muito mais do que falar. Quem tiver interesse e paciência em ouvir meus contrapontos, farei-os com maior prazer, caso contrário não preciso expor a minha opinião por pura e simples vaidade de jogar palavras ao vento, ou melhor apenas para ser mais um comentário nas redes sociais. E por falar nelas, acredito que tenham sim um poder dominador, manipulador, que é muito positivo. É nas redes sociais que soubemos de muita coisa que acontece em nosso país, mas principalmente que acontece ao nosso redor.
      
    Não sejamos tolos, em querer apenas derrubar presidentes, governadores, e até mesmo prefeitos sem antes olharmos para nós mesmos. A corrupção está presente em várias instituições não é só no poder legislativo, nem no executivo. Por mais simples que seja um gesto incorreto que costumamos fazer diariamente, como furar filas, não devolver um troco errado, não deixa de ser corrupção.
   
    Se não combatermos isso na veia da sociedade, de que adiantará multidões quererem derrubar seus governantes, sem ao menos refletir sobre nossas atitudes diárias? Os nossos valores morais vêm de casa, de nossos ensinamentos desde pequenos, na sala de aula também aprendemos isso. Aprendemos a esperar nossa vez, a escutar os outros, respeitar as diferenças. Questões básicas, valores esquecidos pela correria do dia-a-dia, pela luta incessante por trabalho e trabalho, por ganhar um pouco mais a cada mês. E em consequência disso, se viver um pouco menos a cada mês.
     
     Hoje, dia 22 de junho de 2013 participei do protesto contra o aumento nas tarifas de ônibus, por qualidade no transporte público, e melhoria em uma série de serviços públicos. Como essas manifestações que iniciaram no começo desse mês irão acabar e que mudanças isso trará para o Brasil sinceramente nem arrisco palpitar. Assino esse texto apenas para deixar registrado que um dia fui para a rua, e me juntei com inúmeras pessoas nesse dia, por um único objetivo: mudar a realidade em que vivemos.

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