Os anos passam, as histórias se renovam, porém o apoderamento de terras dos índios é um assunto sempre atual. Não deveria ser assim, os colonizadores desde os primordios de nosso país exploraram as terras indígenas, suprimindo uma das culturas mais belas das tantas que vigoram nesse Brasil.
Entenda um pouco mais sobre o caso dos Guaranis-Kaiowá...
A difícil situação dos povos indígenas no Mato Grosso do Sul, e
particularmente dos guarani-kaiowá, em sua natureza, não é diferente do
que se verifica em várias outras regiões do Brasil e da América Latina.
Estamos falando de um processo de expropriação territorial, com o
objetivo de utilizar-se dos recursos naturais (terra, água, madeira) e
consequentes violações dos direitos mais básicos dessas populações, como
o acesso à alimentação, educação e saúde.
Nos últimos anos, diversos relatórios nacionais e internacionais, de
organizações da sociedade civil, como a Anistia Internacional e a
Survival, além de órgãos de governo e mesmo de Estado, como o Conselho
de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH), têm apontado a situação
dos guarani-kaiowá como um dos maiores desafios atuais do governo
brasileiro na área dos direitos humanos. O outro forte fator que agrava a crise no Mato Grosso do Sul é o
grande poder político da elite local, particularmente acentuado na
conjuntura atual, em que o agronegócio se tornou um dos pilares de um
modelo econômico baseado, em grande parte, na exportação de commodities
primárias. De fato, é um mar de soja, cana-de-açúcar e pastagens para o
gado bovino o que se vê, hoje, sobre as terras reivindicadas pelos
guarani-kaiowá, outrora uma região de grande biodiversidade, com matas
ricas em madeiras nobres, como a peroba, o cedro e a aroeira.
Desde que o
movimento indígena Aty Guasu passou a organizar ocupações de terra como
estratégia para pressionar o Estado brasileiro a agir na região, em
meados dos anos 1980, a Fundação Nacional do Índio sempre agiu de forma
pontual, sem buscar uma solução estrutural para os conflitos. Uma
determinada área era ocupada, e somente ali se iniciava um processo de
identificação e delimitação.
O movimento guarani-kaiowá pela recuperação das terras surgiu na
virada dos anos 80, no bojo da redemocratização, ao mesmo tempo em que
se organizavam os setores populares de todo o País. Ao longo das quatro
décadas anteriores, os indígenas haviam visto seu território ser ocupado
progressivamente por milhares de colonos vindos de vários cantos do
País, com incentivo oficial, tanto do governo federal quanto do estado
de Mato Grosso (a criação do Mato Grosso do Sul aconteceu em 1979). Nos
anos 50 e 60, os líderes que ousavam reagir a esse processo de
espoliação eram tachados de “comunistas” pelos órgãos indigenistas.
A mão de obra indígena já era explorada na região desde o século XIX,
na extração de erva-mate, atividade instalada logo depois que o País
ganhou a posse daquelas terras com a Guerra da Tríplice Aliança. Logo,
os trabalhadores indígenas passaram a ser empregados no desmatamento
massivo da região e implantação da monocultura extensiva, sobretudo da
soja e da cana.
A consequência dessa exploração foi o aparecimento de problemas que, há 30 anos, assolam com força os guarani-kaiowá:
conflitos entre as famílias, suicídios dos jovens, desnutrição infantil. Com a falta de terras, os homens, sobretudo, deslocam-se para longe da
família a fim de buscar remuneração principalmente nas usinas de
cana-de-açúcar – alvos de frequentes denúncias em razão da precariedade
das condições trabalhistas.
Outra matéria que achei fantastica foi a da Eliane Brum, na revista Época.
A declaração de morte coletiva feita por um grupo de Guaranis
Caiovás demonstra a incompetência do Estado brasileiro para cumprir a
Constituição de 1988 e mostra que somos todos cúmplices de genocídio –
uma parte de nós por ação, outra por omissão.
- Pedimos ao Governo e à Justiça Federal para não decretar a ordem de
despejo/expulsão, mas decretar nossa morte coletiva e enterrar nós todos
aqui. Pedimos, de uma vez por todas, para decretar nossa
extinção/dizimação total, além de enviar vários tratores para cavar um
grande buraco para jogar e enterrar nossos corpos. Este é o nosso pedido
aos juízes federais.
O trecho pertence à carta
de um grupo de 170 indígenas que vivem à beira de um rio no município
de Iguatemi, no Mato Grosso do Sul, cercados por pistoleiros. As
palavras foram ditadas em 8 de outubro ao conselho Aty Guasu (assembleia
dos Guaranis Caiovás), após receberem a notícia de que a Justiça
Federal decretou sua expulsão da terra. São 50 homens, 50 mulheres e 70
crianças. Decidiram ficar. E morrer como ato de resistência – morrer com
tudo o que são, na terra que lhes pertence.
**A carta é emocionante, e sem dúvida nos desperta indignação, pois na verdade quem somos nós para tirar terras de um povo que habitou esse território há milhões de anos atrás? É triste ver que medidas tomadas por eles, como o suícidio, são formas de pressionar o governo a fazer alguma coisa. Como disse um ícone indígena Sepé Tiarayu, também da raça guarani, porém de outra tribo, mas imortalizado por sua frase: Esta terra tem dono!
Na verdade os índios são os verdadeiros descobridores do Brasil! E muitos ainda renegam a importância cultural e social que eles nos trouxeram. E o descaso do poder público faz com que esses povos tomem atitudes extremadas, um absurdo! E viva o Fuleco! rsrsrs aaai ai...
ResponderExcluirÓtima postagem, Kelem!
É um horror o que fizeram e andam fazendo com os povos nativos! Tudo em nome do "progresso"!
ResponderExcluirObrigada Laura!